segunda-feira, abril 30, 2007

Life is a song

E no final, o resumo de um ano cabe em poucas linhas. Todas aquelas alturas que se adivinhavam penosas passaram a voar. Aquelas que se imaginavam divinas fizeram jus ao provérbio. Tudo em corrida, não mais de cinco músicas. Um ano guardado num qualquer on-the-go que silencia sem bateria farto de ouvir as mesmas músicas. Mais farto ainda de gostar delas. Este ano vou roubar mais felicidade ao tempo. Promessas esquecidas nas consequências de minutos vividos a correr com medo de gastar todos os cartuchos de uma vez. E depois a conclusão final de que nada muda, a natureza realmente só se transforma. Mudam os cenários, mas a saudade dói da mesma maneira e o orgulho consome com a já conhecida arrogância. O final ninguém o conhece embora alguns o vaticinem para ontem. A maioridade alcançada num dia desperdiçada em dezenas de decisões. O síndrome do peter-pan a acordar os dias, a preguiça a matar as noites. Mas de Galileu e menos de Socrátes valem a incongruência de todas as letras juntas em pedidos de ajuda disfarçados de ultimatos. A mão a empurrar para a porta da seriedade e os pés a travarem com o desejo de inocência perdida em cantos que não conhecem arrependimento. A voz incessante a mandar fazer o que o coração não reconhece. A vontade de acreditar em começos do zero, em pedir uma segunda oportunidade lá ao santo dos desencontros dos que chegam sempre tarde demais. O cansaço perdido em innuendos que esgotaram a força para esconder o pó desalinhado que se acumula na estante no buraco de um livro que tombou bruscamente. A certeza da razão esbatida por torneiras abertas de algo que decerto não é tão límpido como a água. A boleia do always-on-my-mind sempre ao curvar da esquina a zarpar antes da sirene. E a sombra que persegue os silêncios, esse sinnerman que insiste em tapar-se com chapéus que lhe escondem a emoção mas não existência. O amanhã vendido a ideais de cuja utopia se começa a desconfiar. A fome de mundo a despertar aquilo que mais tarde serão rugas. Os machados pesados a enterrarem feridas por cicatrizar que temem em não aceitar o final merecido. Rios de choro que esperam que o ciclo das águas lhes ensinem outro caminho. A solução da inequação perdida no bolso do casaco de Inverno. A prova dos noves que exige mais ginástica do que a que o corpo permite. Um ano. Não o melhor, não o pior. E por favor, não o último.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Princípio da não retroactividade do arrependimento

cf. artigo 5º da CRP (Constituição das Relações Problemáticas)

domingo, abril 16, 2006

Watch me forget about missing you

Um amigo serve para tudo. Tudo mesmo. E a ele pergunta-se tudo. Desde o que se vai comer ao jantar, à cor da meia que se deve vestir até a coisas mais sérias. Pede-se conselhos porque procuramos na experiência de outros aquilo que ainda não sabemos. Como se deixa de amar!? Assim tipo bomba. Este é daqueles conselhos que queres em formato de receita mas olha que não é rápido ou fácil. Mas começa por juntar 5 doses de paciência e 6 colheres de tempo a ferver numa panela de amor-próprio. Costuma-se pôr força de vontade assim a olho e optimismo qb. Dito assim até cozinhar parece fácil. Mas não é. Primeiro há que ter coragem para se libertar o síndrome do abandono. Procura-se vacina para tudo aquilo que traz lembranças. Sítios, cheiros, filmes, frases e músicas. Desenvolvem-se rotinas de desabituação. Depois encontra-se força para não se deitar abaixo a decisão que se tomou tantas vezes. Escava-se, esgravata-se se for preciso, mas ela aparece e ajuda a tornar a pacífica e isenta de aceleros cardíacos a presença dele. E depois sem se notar algo esbate, fica assim em tons de marca d’agua. E no final assim de repente dá-se um click, réplica do do início. Ás vezes nem se ouve mas ele dá-se. E liberta. Transforma. Fecha uma gaveta à chave e atira-a para o rio. Deixa de ser um presente estranho, rancoroso e doloroso passa a ser um passado, com os seus maus e bons, que cheira a verão e traz um beijinho na testa sem vontade de voltar. E voilá. Aí tens a tua receita. Antes tarde que nunca.

sexta-feira, março 31, 2006

all my bags are packed

i'm ready to go.
promessas tremendas impedem-me de fazer determinados comentários, mas acho que é permitido dizer que vou ter saudades tuas.
don't forget my postcard!

quinta-feira, março 30, 2006

Há dias especiais

Dias que nunca se repetirão, e que para sempre ficarão na nossa memoria. O primeiro dente, o primeiro dia de escola, a primeira boa nota, o primeiro susto, o primeiro amor, o primeiro beijo, o primeiro penalti, a primeira vez, o último adeus, o último beijo, último cigarro, último encontro. Todos eles ficam cravados nalgum pedacinho da nossa cabeça por motivos mais ou menos importantes. Normalmente é pelas sensações que nos transmitem. Ás vezes, quase sempre, é por que nos fizeram sentir especiais. Descobri há dias que ser especial não é nada de tão interessante assim. Já ouvi isso milhares de vezes em milhares de bocas diferentes para milhares de pessoas diferentes o que me leva ter a certeza que ninguém é especial porque no fundo somo-lo todos. Ninguém é igual e isso faz de cada um de nós especial. Hoje é um dia especial. O importante não dizer-te que és especial mas sim que és especial para mim.
Só isto porque já escrevi muitas linhas depois desta e voltei a apagá-las porque não fazem sentido. Sabes tudo o resto. A felicidade, a realização, a segurança, a diversão. Já conheces todos esses desejos. Hoje peço-te apenas para continuares ai desse lado como sempre. Para sempre. Parabéns.

segunda-feira, março 27, 2006

Well, I got one foot on the platform



Ficou sentado no sofá aquilo que lhe pareceram poucos minutos. Depois levantou-se devagar, e procurou o frigorífico. Oh there’s no one like the blonde one, pensou enquanto um trago fresco lhe aliviou o trânsito de pensamentos. Deixou-se ficar enconstado à banca da cozinha a pensar no que pensar. Esperou tantos anos (talvez não tantos, alguns que seja) por aquele telefonema e agora só conseguia reagir com a apatia daqueles que são apanhados desprevenidos. Correu a memória para se lembrar porque se tinham chateado. Acabou por desistir porque a memoria é traiçoeira. Apodera-se de cheiros, lugares e momentos e faz deles o que quer. A dele só gostava de guardar a luz da pele dela e o cheiro do seu cabelo, tudo o resto estava desfocado num estranho filme mudo. Por isso mesmo custou-lhe reconstruir o dia em que ela foi. Sempre soube que ela lhe ligaria, mais tarde ou mais cedo. Por isso mesmo prometeu que nunca seria ele a fazê-lo. Tinha decidido. Tinha escondido qualquer coisa que lhe faltara em instantes organizados. Numa vida planeada. Criou rotinas (de dia, de vida, de esquecimento, de estar). No entanto esquecera-se de planear como reagir. Já nem se lembrava se tinha respondido. Muito menos sabia o que fazer. E não podia, não queria. Se ela viesse quando não o visse, talvez ponderasse. Ela viria? Talvez viesse. Ele amá-la-ia como sempre, sem passado. E ela adormeceria nos lençóis pretos, para sempre. Talvez na manhã seguinte acordasse com fome de mundo e sairia descalça para os saltos finos não acordarem a casa ao pisarem o mármore preto. E depois que faria ele? When enough is enough? Não. Não ia. Antes ali sozinho. Ela não lhe podia pedir mais isso. Não podia apagar tantos anos de silêncio (talvez não tantos, alguns que seja) com só um as-oito-naquele-restaurante. Um simples telefonema sem a capacidade de o surpreender, que nunca teve. Não, não ia. Não ia despir o fato, nem deixar a casa. Tinha uma vida. Simples, organizada e nada complicada. Tinha o labrador cor de sonho, os vidros enormes e um armário estupidamente organizado e recheado. Tinha o trabalho (trabalho?) e o gira-discos. Tinha prateleiras de livros e filmes, festas constantes, um ou outro copo. Tinha um horário, uma agenda e um monte relógios. E a casa (dos seus sonhos). Uma casa grande, confortável, linda. Onde o silêncio pingava pedaços dela. Quieta. Demasiado quieta.
The other foot on the train.

sábado, março 11, 2006

Pinto quadros por letras


O mundo lá fora começou a ficar com tonalidades estranhas. Senti-lhe a tinta estalar. Aquela cor que eu tanto adorava estava amarelada do sol. As partes mais baixas tinham ficado borratadas com a humidade. Da janela da minha vida via um quadro sujo, velho e estragado. Parecia que o tempo tinha-lhe roubado a cor e levado a vida. A fé extrema que um gesto muda o mundo, o desejo de amar até morrer e de morrer por amar, os laços fundos, profundos, intensos, todos eles pareciam fugidos dessa pintura. Naquele dia a paisagem foi diferente. Tudo se parecia arrastar por inércia, por obrigação, “porque me mandaram”. Tentei gritar-lhes para se mexerem, para se entregarem mas nada, nem só um movimento fora do lugar, do ritmo sincronizado. Nem tão pouco uma cor forte, cheia de vida. Fechei a janela triste, sabia que não conseguia pintar um novo. Não sabia como. No dia seguinte conheci alguém que me disse que todos somos capazes de pintar. Basta querer. Nunca ninguém disse que só há uma maneira de pintar bem, disse-me ela. Arrumei o quadro desbotado. Pendurei aquela tela branca nova, dei-lhe cor, atirei-lhe luz. Pus-lhe movimento, devolvi-lhe a vida. Plantei o amor desmedido, o querer impossível, a solidariedade sincera, a amizade honesta e eterna. Descobri que a janela do meu quarto sou eu que a pinto. Nunca ninguém disse que só há uma maneira de pintar bem.

segunda-feira, março 06, 2006

78th Annual Academy Awards

Comecemos pela carpete vermelha. Algo em que o meu olho feminino não podia deixar de demorar: os vestidos. Nada de especial. Este ano não se viu nada daquelas peças de verdadeira arte que eu costumava desejar quase tanto como a estatueta. O Zac Posen da Felicity Huffman era bonito, parece que foi das únicas que resistiu a tendência avassaladora do dourado/beje/amarelo. Também gostei do Versace da Uma Thurman. Nicole Kidman deslumbrante como sempre, mas não foi do vestido, naquela mulher a classe, o charme e a beleza são intrínsecos.
Achei imensa piada ao sketch inicial. Momento Billy Cristal e Chris Rock na tenda muito engraçado. Good night ladies and gentleman.... and .... Good night Felicity. Começou bem, mesmo com piadas ensaidas meticulosamente dentro dos limites, Jon Stewart tem muita piada.
Oscars de interpretação secundária previsíveis e creio que merecidos (embora uma vez não nomeado para Actor Principal como devia, Jake Gyllenhaal merecesse o oscar). Gostava que Pride and Prejudice tivesse ganho qualquer coisa relacionada com imagem. A primeira supresa da noite chegou com o Oscar de Melhor Canção Original para "Is hard out here for a pimp". Lá que queiram ser modernos tudo bem, mas eu acho que as outras eram bem melhores. Os vencedores das categorias de Actor e Actriz princiapal não supreenderam ninguém. Ficaram também os dois nomes derrotados a não esquecer que também mereciam: Heath Ledger (Leath pos amigos) e Felicity Huffman. Argumento adaptado justamente entregue a BrokeBack Moutain. Argumento Original está mais claro que era do Match Point. Para mim melhor filme também lhe pertencia, mas uma vez que nem nomeado estava seria o BrokeBack que é muito mais filme que Crash e melhor realizador para Spielberg com o excelente trabalho em Munich. ("-Já viste o trabalho do gajo que tem que andar ali preocupado com o cartazes da parede e tudo o que se passa naquela cena para que não falhe no tempo?- Pois acho que ele se chama mesmo Steven Spielberg.")
Crash talvez num outro ano qualquer de menos qualidade merecesse o oscar, mas não ao lado de filmes como os de este ano. Nomeaçõe que faltaram: Match Point para Melhor filme e Melhor realizador e Eric Bana para Melhor Actor.
O homem da noite foi mesmo Mr.Clooney que está mais sexy do que nunca (e tem piada!). O melhor discurso pertence á "gordinha" que agradeceu á academia por a terem sentado ao lado do meu deus grego no jantar de nomeados.
Adorei a definição de cinema do mais recente Presidente da academia. Associou uma das minhas actividades preferidas a experiência de partilhar com desconhecidos a estória do ecrán gigante. Uma magia que os dvds ainda não têm.
Com isto tudo gastei umas horitas de sono, uns tantos minutos a escrever este post enorme e uma bateria de telemóvel (vamos embora 88 mensagens, acho que na realidade dávamos era uma boa parelha de comentadores).

domingo, março 05, 2006

Don't you just...









Hoje espera-me mais uma noite de luta contra o sono no sofá da sala para satisfazer o vício tremendo de os ver em directo.
Só lamento não ter a companhia do ano passado.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

ouvi dizer que é dia 14 de fevereiro

10 mandamentos das encalhadas

1- Antes demais só estás sozinha/o porque queres. Há sempre alguém capaz de te amar... (mesmo que seja um pedreiro ou uma senhora de meia-idade)
2- Podes olhar para pessoas do outro sexo sem te preocupares a partir de quando é que será traição em pensamento
3-Não precisas de andar sempre com atenção ao telemóvel para ver quando o mais que tudo deu notícia
4-Não tens que ir para a noite com uma sombrinha a dizer “Não bebas tanto…nha nha nha”
5-Não tens que ter uma mão inquisidora a puxar o decote para cima ou a perguntar com ar de pai “Não tinhas saias mais curtas, não?”
6-Não corres o risco de ser traída/o
7-Não corres o risco de ser deixada/o (assim sem mais nem menos)
8-Não gastas dinheiro no dia dos namorados (não…não digam também não recebes nada…não vale boicotar!!!)
9-Não precisas ouvir as pessoas perguntarem-te três mil vezes por ele/a ou dizerem-te coisas que querem dizer a ele/a como se funcionassem só como um
10-Tens todo o tempo para as tuas amigas e amigos e não tens que ouvir os ciúmes que disso podem surgir

e um extra que são tantos que nem conseguimos resumir!

11- Tens o dia dos namorados livre para almoçar com três das tuas melhores amigas que se encontram na mesma situação que tu. Com a certeza que não levas prenda, mas uma barrigada de riso mixed com conversas que não podes ter com namorados, isso está garantido.



Não me venham a correr gritar que posso fazer estas coisas todas mas que não tenho aquele alguém me abrace ao fim do dia, ou que telefone só para ouvir a minha voz ou mande mensagem para dizer que gosta de mim. Não tenho ninguém que me faça festas na cama, me continue a desejar de óculos e aparelho, me diga que me ama com beijinhos e me sussurre que tinha saudades ao ouvido. Eu sei.
Mas garanto-vos que mais vale sozinha que mal acompanhada! :)

sábado, fevereiro 11, 2006

Go head. Envy me.

Gostava de acordar assim devagarinho. Sentia um peso enorme nos olhos todas as manhãs, pelo que procurava habituá-los com calma á luz. Depois da sua própria consciência a expulsar da cama, levantava-se e ia lavar a cara. Não que fosse raro, mas de certeza não era habitual gostar da imagem que via no espelho. A maior parte das vezes odiava mesmo. Perguntava-se sempre como era possível acordar tão despenteada se acordava sempre na posição em que se lembrava ter adormecido. E estas olheiras estúpidas que parecem querer chegar ao queixo.

No entanto, naquele dia não se assustou nos segundos que dedicou a mirar-se. Iniciou como de costume o ritual de cremes, dentífricos, espumas e escovas e pouco depois estava a pensar no que ia vestir. Hoje não precisava de se esconder nas camisas. Essa era uma das definições de fim-de-semana para ela, deixar a formalidade no armário. Demorou um bocadinho a decidir-se. Primeiro porque precisava de se sentir bonita e depois porque o compromisso assim o exigia. Tirou os corsários de ganga, juntou-lhe um top simples e deu à extravagância os seus sapatos preferidos, os vermelhos. Sabia que poucas pessoas reparavam neles, mas ela adorava-os. Faziam-na alta e havia qualquer coisa no barulho davam aos seus passos que a faziam sentir poderosa. Voltou a casa de banho e cedeu a ideia narcisista de se admirar por poucos segundos. Os suficientes para admitir, com uma a falta de modéstia que não lhe era característica, que a sua cara não estava assim tão mal. Disfarçou as olheiras que já não tinha dúvida de serem crónicas, um pouco de blush e rímel. Não queria abusar, afinal era só um almoço. Olhou para as horas, somou-lhe o tempo que demorava a chegar e chegou a conclusão que já não ia ser a primeira. Pegou nas chaves do carro e saiu. Desta vez quando se cruzou com o vizinho tenista não negou a atracção que sentia por ele nem tão pouco fez de conta que não viu o olhar que ele lhe lançou. Estava bem disposta isso era certo. Enfiou-se no carro e despachou-se no trânsito, estava ansiosa por chegar. A verdade é que aquele almoço de Sábado no restaurante á beira-mar com as suas amigas há muito que era um hábito, mas o passar dos anos não tinha amolecido em nada a sua convivência. Era sempre momentos cúmplices, divertidos e estranhamente diferentes. Chegou, estacionou e entrou no restaurante. No instante em que verificava que a mesa do costume ainda estava vazia ouviu atrás de si ouviu uma voz que conhecia de cor proferir um chorrilho de insultos que anos atrás aprendera a usar como carinho. “Estás tão gira! Esses sapatos são mesmo giros. É uma merda não me servirem!” “ Se não tivesses um pé enorme como uma vaca monstra até tos emprestava...” Respondeu-lhe antes de ouvirem a gargalhada que lhes anunciou a chegada das restantes. Tinha-se esquecido das saudades que tenha daquela sensação. De estar bem com elas, e sobretudo, de estar bem com ela mesmo.

"Later that day I got to thinking about relationships. There are those that open you up to something new and exotic, those that are old and familiar, those that bring up lots of questions, those that bring you somewhere unexpected, those that bring you far from where you started, and those that bring you back. But the most exciting, challenging and significant relationship of all is the one you have with yourself. And if you can find someone to love the you you love, well, that's just fabulous!"

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Desculpe, importa-se de fechar a boca se faz favor? Obrigada.


Ontem, já estava a chegar a International e ainda ia a pensar como o meu novo dentista é simpático e educado. Fui interrompida pelos barulhos da minha barriga que juntamente com um desejo de me vingar de uma certa inveja alimentar que me tinham feito no café horas antes, levou-me ao bar. Cheguei e uma senhora muito simpática perguntou-me o que queria. -Um croissant misto aquecido se faz favor. Enquanto esperava tive oportunidade de reparar na única pessoa que se encontrava nas mesas. Um rapaz que estava a comer as suas gomas de boca completamente aberta projectando o barulho pela pequena sala. Um barulho extradionariamente agradável como calculam. -Aqui está. Mais alguma coisa?-Não, obrigada. Paguei e sentei-me o mais longe do tal rapaz, mas rapidamente me apercebi que a distância não era suficiente para não ter que suportar o barulho da sua trituração. No exacto momento em que me dedicava a calcular o tempo que o rapaz levaria a mascar o seu saco de gomas todo, entra uma rapariguinha. -Quero 3linguas de coca cola e 2pastilhas! disse para a senhora, que a serviu. -Mais alguma coisa?-Não. -São 60cnts. Pagou e saiu. Senti-me uma daquelas velhas com quem já gozei por estarem sempre a darem aulas de etiqueta, quando me invadiu uma súbita vontade de seguir a miuda e lhe gritar -Oh menina na minha terra também se usa se faz favor e obrigada! Mas não fui. E fiquei a acabar o meu croissant com o moço que gosta de manifestar sonoramente a primeira fase da sua digestão. If you pop thah gum one more time... And he did. So i took the shotgun off the wall and fired two warning shots. I-n-t-o h-i-s h-e-a-d. Não me faltou vontade. Estava realmente chateada com o mix boca aberta/menina mal educada. Acabei a minha mastigação (silenciosamente e de boca fechada) e sai do bar. Quando ia a subir as escadas um pobre miúdo chocou contra mim. Agora acho que ele me ia pedir desculpas. Mas a minha precipitação isto- é-tudo-uma-corja-de-mal-educados, levou-me institiva e imediatamente a proferir num tom de voz algo alto -Cuidado!!!! Já nem se olha para onde anda?E para a próxima pede-se desculpa! Muito pedantemente arranquei. Claro que não demorei 3segundos a perceber que tinha exagerado. Desculpei-me com o facto de estar enojada pelo poder de mastigação do miúdo do bar. Mas sabia que não tinha desculpa. Nenhum de nós tem desculpa para ser mal educado com outra pessoa. Se tivéssemos estaríamos a criar um ciclo vicioso no qual desculpávamos a nossa acção com a que anteriormente tinhamos criticado. Devemos agir sempre de forma a que a nossa acção se possa tornar máxima universal, dizia-me o Kant hoje na aula de filosofia. Pena que nem todos o façam. Lembrei-me da simpatia do pessoal do dentista. É assim que tem que ser. Uns empurram para um lado e os outros para o outro. É por isso que o mundo não vira.


Não vos contei esta minha tarde peculiar em vão. Para além de não ter encontrado nada melhor para cumprir uma promessa que fiz, queria partilhar o facto de ter descoberto que hoje já não se pede se faz favor. Nem se agradece. Claro que também ja não nos precisamos de preocupar em ensinar os nossos filhos a preservarem a sanidade mental do que os rodeia ao fecharem a boca enquanto comem. E também não é preciso pedirmos licença para mudarmos um segundo da vida das pessoas. Pedimos (quase em tom de exigência) o queremos, pagamos e saimos. Está fora de moda agradecer e ter educação. Não percebes?!Já nao se usa... É claro que um mundo cheio de gente sempre a pedir lincença, a desfazer-se em desculpas a ponto de irritarem e que agradece tanto que em vez de adeus diz obrigado também é demais, mas o mínimo indespensável não faz mal a ninguém.
Até porque se empurrarmos todos para o mesmo lado não viramos.

Andamos para a frente.

(bámos embora filosofia-acho que tem estes efeitos colaterais!)

sábado, outubro 29, 2005

Linha 5


Era ali que ela saía. Ali era onde ela se despedia de vez do passado e iniciava uma nova vida longe de quem lhe destruiu a velha. Freddie Mercury gritava-lhe "it's a beautiful day and no-one is gonna stop me now" e era isso que ela queria ouvir. Levantou-se e saiu. Depois de uma luta intensa com as malas pesadas que trazia consigo, estava metida no rebuliço da estação. Gente com trolleys para trás e para a frente. Gente com pressa, outros com tempo. Gente com destino e alguns perdidos na confusão de horarios. Gente como ela e como todos aqueles que conhecera. Com uma enorme força de vontade, decidida a fazer da decisão uma daquelas em que não se volta atrás, ela procurou uma saída. Ou uma entrada. Uma entrada nessa tal vida nova que ela tanto desejava, uma entrada que escondesse a necessidade de fugir que tinha. Arrogância humana pensar que se fazem novas vidas. O passado faz parte de nós tanto quanto o presente e mais que o futuro. Hoje somos o que fizémos e amanha vamos fugir do que não gostámos.
Mas ela não sabia disso. Sabia, como todos sabemos. Mas o caminho mais fácil escondia a verdadeira fuga na mudança. Mas nem sempre o caminho mais fácil a curto prazo o é a longo prazo. E foi por isso que passado menos de um mês ela estava de novo na estaçao. Sem ideais utópicos, assumindo o que sempre soubera e com as decisões irredutíveis atropeladas. Voltava porque descobrira que tinha que enfrentar o que a havia deitado abaixo. Voltava porque sabia que tinha que voltar e fechar um capítulo da sua vida.
Linha 5 de novo. Do lado contrario. A solução não era mudar de vida, construir uma vida nova. Era reconstruir a sua, a de sempre. Era fazer uma vida
renovada.

quarta-feira, outubro 26, 2005

splash

e estou noutro mundo. os sons nao sao iguais, a vista fica desfocada e nem um beijo em condiçoes se consegue dar. enquanto tenho ar maravilho-me com a vida debaixo de agua. o cabelo suspenso e a facilidade dos meus movimentos quase me convencem que sou bailarina. nadar adquire contornos tao delicados como a sensaçao de suavidade da agua a passar por mim.
adoro sentir a agua a deslizar pelas minhas pernas e venero o silencio... porque nao é o silencio qualquer. é o silencio de agua, um silencio que nao assusta nem intimida. um silencio que não grita "preenche-me", mas um silencio que só surrava "relaxa".
vontade de mergulhar. ficar suspensa num mundo sem gravidade onde as largimas nao fazem sentido porque se misturam com os milhares de gota sem sentimento em segundos que parecem mais que minutos.


nestas alturas tenho vontade de matar a ariel. sereia que queria ser menina... e as meninas que queriam ser sereias? como fazem? apetecia-me ter cauda e pentear o cabelo com garfos.



[adoro este filme. fez as minhas loucuras da infancia e ainda hoje me imagino uma ariel a cantar nos corais com os peixes cavalos marinhos. menos bom, também me imagino a vender a minha cauda á ursula (acho que era assim que a má da fita se chamava) por uma criatura doutra especie que faz a nossa cabeça...
em agua.]


segunda-feira, outubro 24, 2005

au











eu ate debatia o assunto...mas a imagem vale por si...

é tremenda esta injustiça que a mulher tem que sofrer, eq vcs n imaginam o que custa! e as vezes corre mal e tem k se andar assim com umas crostas cm as minhas na cara que pareço uma louca pa.

[tema bastante interessante ms a minha imaginaçao hj n é propriamente brutal.Confesso que acho um assunto para qual temos que chamar a atençao dos homens pq eles n fazem ideia!!!! A todos os que acham que é facil, vejam o virgem aos 40 e...tentem imaginar!]